quarta-feira, janeiro 09, 2008

Promessa de Felicidade

Segundo Bachelard, “para sermos felizes, precisamos pensar na felicidade do
outro”. Será mesmo?



O que é a felicidade senão o desejo de muitos. Para tudo se tem um objetivo, e o objetivo principal é ser feliz. Contudo, duvidosa é a própria palavra “felicidade” que não nos explica seu verdadeiro e real sentido. E podemos nos perguntar se somos felizes hoje ou se poderemos ser felizes algum dia. O termo em si possui muitas implicações que até o presente momento são alvo de meras especulações. Ele também é constantemente aprisionado em ideologias, servindo como pretexto a atos bárbaros. Tento fugir disso procurando mostrar uma reflexão simples para o significado que a palavra “felicidade” merece em nossas vidas.

O grande filósofo grego Aristóteles só poderia enxergar felicidade como fim último dos homens, pois a sociedade em que outrora vivia necessitara de urgentes reformas políticas, que garantissem o bem-estar de todos. Esse fim último dos homens poderia ser alcançado com o cultivo da virtude. A virtude era o único meio de se chegar à felicidade. Ela seria a justa medida entre os valores morais e os prazeres supérfluos. De Aristóteles até a modernidade, felicidade significara uma conquista universal, uma conquista para todos.

Com os filósofos existencialistas, felicidade passou a ser sinônimo de individualidade, ou seja, uma busca pessoal e não comunitária. Ela estava implicitamente ligada ao desejo de liberdade. Logo, felicidade e liberdade caminhavam juntas. O próprio filósofo francês Jean-Paul Sartre atribuía ao Outro um empecilho a minha felicidade. “O inferno são os outros”. Uma felicidade comunitária era impossível de se conquistar, apenas alcançaríamos a felicidade própria.

Assim, descordavam os filósofos entre si sobre o termo felicidade. Isso mostra o quanto é difícil darmos uma definição precisa do termo. Será a felicidade uma busca pessoal ou comunitária? Essa era a grande questão. O fato é que muitos prometem felicidade sem saber o que realmente ela representa na vida de cada um de nós. A religião é uma dessas promessas. Ela promete uma felicidade eterna que só será atingida no final da caminhada terrena. Em outras palavras, a salvação é a felicidade esperada.

Quanto à promessa que a religião faz sobre a felicidade, não me preocupo tanto, uma vez que fora substituída por outra. Minha preocupação é com a promessa de felicidade, que substituiu a da religião, que o mundo de hoje prega de maneira bem camuflada. Uma promessa efêmera que só diz respeito aos bem-sucedidos economicamente. Uma felicidade individualista que prega a fé no progresso técnico como alavanca dos dias melhores. O termo felicidade, tanto individualmente como coletivamente se misturam, não se sabe mais quem é quem. As vitrines das lojas oferecem inúmeras bugigangas com a promessa de felicidade. As campanhas políticas oferecem também a promessa de felicidade para todos. No final das contas, vivemos uma crise em todos os sentidos, e essa dita promessa feita pelas ideologias se afasta cada vez mais da realidade em que o mundo está mergulhado.

Quem se diz feliz hoje, ou é por si mesmo ou porque ainda enxerga uma ponta de esperança, uma luz no fim do túnel. Ainda duvido das respostas afirmativas sobre a felicidade. Quando tomaremos consciência de que o caminho que se vem traçando hoje não condiz com a realidade? Quando a humanidade vai rever seus projetos? Segundo Bachelard, “para sermos felizes, precisamos pensar na felicidade do outro”. Será mesmo?
Publicado no Jornal "Correio de Uberlândia", 9-1-2008, p. A2

Um comentário:

Anônimo disse...

Wisley
Um dia meu irmão me perguntou:
"-Kelly, por que você se considera uma pessoa feliz?"
Eu respondi:"-Porque eu me sinto amada por Deus,pela minha família e sobretudo, pq amo."
Sou muito feliz.
Acredito q vc stá tbm buscando isso e encontrará.
Fik bem claro: ñ precisamos morrer p/ sermos felizes, mas viver intensamente!
Ass: Kelly

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