quarta-feira, abril 04, 2007

POR DETRÁS DA INFORMAÇÃO! A SEDUÇÃO


De vez em quando me deparo com ligações feitas por editoras famosas do país oferecendo as mais inusitadas revistas informativas. Dizem essas editoras, através de porta-vozes, que são revistas importantíssimas para a minha formação cultural. Afinal de contas, “é preciso ser bem informado para sobreviver ao mundo cada vez mais globalizado”. “Informação é essencial para o sucesso profissional de uma pessoa”, afirmam.
Toda via, minha formação filosófica me leva a suspeitar dos reais interesses editoriais dessas revistas. Pois, para conquistar mais assinaturas, as editoras oferecem inúmeras vantagens ao possível assinante. Brindes como DVD’s, bonés, mochilas e outras parafernálias modernas. Tentam seduzir o ingênuo possível cliente que está do outro lado da linha para as necessidades de se estar bem informado. Por isso, elas criam várias promoções e as ditas campanhas.
Fui surpreendido por uma dessas campanhas. “Incentivo a cultura no Estado de Minas Gerais”, ou seja, como se as revistas dessa editora pudessem trazer em suas páginas a essência formativa cultural que o leitor precisa. Assim, minhas suspeitas são de algo ideologicamente articulado visando, não a formação cultural, mas ao consumo capitalista de bens. Mostrar as empresas, possíveis investidoras comerciais, que os leitores de suas revistas são possíveis consumidores, prontos para adquirir a nova tecnologia do mercado.
Por detrás de programas como “incentiva a cultura” ou “quem não se informa perde oportunidades”, as editoras tentam somar mais e mais leitores as suas listas de clientes. Assinantes que lhes garantirão uma cota de patrocínio no mundo da propaganda consumista. Realmente não enxergo outro motivo para continuarem sempre a insistir em assinaturas. Por que então sermos constantemente bombardeados por promoções, descontos e inúmeras promessas para assinar uma revista?
A nossa cultura virou semicultura, ou seja, tudo gira na ótica do capitalismo. Somos levados a acreditar numa troca justa. Ao comprar certo produto, estou convencido de que fiz um bom negócio por um bom preço. O que conta mesmo é o valor de troca e não o valor de uso. Às vezes compramos coisas que nem precisamos só pelo gostinho de comprar, de se sentir importante, realizado. Esse fenômeno acontece todos os dias porque somos seduzidos pela sensualidade das coisas.
As revistas informativas, hoje, trazem a tona apenas àquilo que é fato no nosso cotidiano. Realidades que são apresentados simplesmente pelo acontecimento, sem nenhum acréscimo de nada. Algo que nos leve a pensar a miséria e a individualidade crescente. Essas revistas prendem o leitor pelo sensacionalismo e não pela crítica. E quase todas as suas páginas são dedicadas a propagandas. Talvez seja isso que elas vejam como solução para nossos problemas. É o slogan: “Compre esse produto e resolva todos os seus problemas”. Ou aquela frase “seus problemas acabaram chegou...” e assim por diante. Os anos passam, e a propaganda tenta ser mais criativa, para atrair mais pessoas.

Por fim, será que estamos perdidos? Não há como fugir dessa lógica capitalista? E assim, continuarei a receber telefonemas, como todo brasileiro, para assinar revistas e mais revistas. Por quê? Porque preciso ser culto. É a ideologia em voga. O que é ser culto? Ser bem informado, talvez.

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