Finalmente, é chegado o grande dia em que defenderei publicamente minha dissertação de mestrado. Acredito que seja uma emoção muito grande, pois me preparei dois anos para isso e claro, espero poder responder as expectativas que foram depositadas em minha pessoa. Mesmo sabendo das dificuldades em se defender algo hoje em dia, tenho confiança de que tudo ocorrerá com maior tranquilidade possível.
Meu trabalho aborda o conceito de progresso no pensamento do filósofo alemão Theodor W. Adorno (1903-1969). Nascido no mesmo século que eu, este pensador, membro da chamada Escola de Frankfurt e intelectual da Teoria Crítica, me chamou muito a atenção pela crítica que fez ao processo de desenvolvimento da sociedade moderna. Tomando filósofos modernos e contemporâneos, Adorno traça uma crítica que denuncia o empobrecimento das consciências e o avanço da barbárie na sociedade. O principal diagnóstico dessa crise seria a utilização da arte como entretenimento e não como fruição estética ou dinâmica cognitiva.
Defendo a tese de que Adorno não teria abandonado a noção de progresso pelo seu envolvimento com a barbárie. Mesmo admitindo na sua mais famosa obra Dialética do Esclarecimento, escrita conjuntamente com Max Horkheimer, que o progresso leva consigo a barbárie, na década de 1960, ele retoma a temática do progresso para esclarecer alguns equívocos, dentre os quais o fato de que a noção de progresso deve ser considerada não na perspectiva de um processo linear e teleológico, mas como fator crítico e dialético.
Para exemplificar isso, no terceiro capítulo do meu trabalho, utilizo como referência os estudos sobre música feitos pelo filósofo alemão. Em Adorno, a música recebe um status privilegiado. Ele foi compositor e estudou com o tradicional grupo de músicos da Segundo Escola de Viena, cujo grande representante é Arnold Schoenberg. A música atonal praticada pela Escola de Viena representa um progresso na música porque rompe com a perspectiva de sistema e padronização que até então vigorava na música tradicional. Existe um forte caráter de protesto nas composições atonais, uma vez que elas revelam as contradições e antagonismos reinantes na sociedade. A situação da música contemporânea é o ponto chave para Adorno fazer sua crítica ao progresso na sociedade dominada pelas relações econômicas.
Caros leitores e leitoras do meu blog, este é um pouco da minha pesquisa. Quando fizer as revisões sugeridas pela banca, então farei a disponibilização do meu trabalho. Assim, quem quiser se aprofundar mais, é só ler meu texto. Desde já agradeço aqueles que acompanham meu esforço em fazer com que a filosofia seja reconhecida e praticada nacionalmente. Essa força é necessária pelo amor a sabedoria!
Publiquei recentimente dois artigos sobre Adorno. Quem se interessar é só acessar as revistas:
Controvérsia: http://www.controversia.unisinos.br
Revista Urutágua: http://www.urutagua.uem.br
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