segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Sobre a difesa da vida: uma campanha


A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) lançou na quarta-feira de cinzas (06/02) mais uma edição da Campanha da Fraternidade realizada todos os anos no país com uma temática social. Dessa vez, os bispos brasileiros escolheram o tema sobre a defesa da vida. “Fraternidade e defesa da vida” é o tema da campanha cujo lema é “Escolhe, pois, a vida”, passagem extraída da Bíblia (Dt 30, 19). O objetivo principal da campanha é promover encontros reflexivos onde diversos assuntos polêmicos são tratados e discutidos entre os católicos. Um deles é o aborto.

Parece oportuno em pleno momento em que o congresso organiza um plebiscito popular sobre a legalização ou não do aborto em certos casos, como por exemplo, o estupro. Deferente de qual seja a origem, o aborto é um assunto que já tem seu veredicto tomado pela Igreja. Ele está terminantemente proibido, pois viola a vida. Esse é o foco da campanha: alertar as pessoas sobre a legalidade do direito de matar um ser humano em formação. Legalizar o aborto seria banalizar a vida.

Realmente, essa campanha tem um fundo esclarecedor, e é positiva para democratizar o debate acerca do princípio de se defender a vida. Em uma sociedade cada vez mais fechada no individualismo e na falta de fraternidade, as pessoas acham que tudo pode ser resolvido com tranqüilidade a partir da eliminação definitiva do problema. Muitos pregam a pena de morte, o massacre, o holocausto, como maneiras de saneamento do mundo. As pessoas estão impregnadas de um ponto de vista natural da auto-sobrevivência e acreditam que o “diferente” é prejudicial. No fundo, a humanidade sempre buscou formas diretas e eficazes de resolver seus problemas. Entretanto, não é universalizando a morte que podemos resolver todos os nossos problemas.

A igreja tenta pregar algo universal. Acredita que se houver uma banalização da vida, um casuísmo generalizado, no futuro já não poderemos sentir qualquer compaixão pelo próximo, uma vez que a vida dele é desprezível, não vale nada. Temos a frente o imperativo categórico kantiano, de que uma ação, por mais justa que pareça ser, não pode ser universalizada quando fere a liberdade dos indivíduos. Para Kant, as pessoas não devem ser usadas como meio para obtenção de determinado fim. Todos nós possuímos projetos pessoais de vida que necessitam ser respeitados. Se você universaliza o aborto, acaba validando sua pratica as vontades pessoais de cada indivíduo. No caso, a mulher pode simplesmente pedir o aborto para se livre de dores ou desconfortos. Ninguém pode querer uma situação dessas. Mesmo que a gestação seja fruto de um ato de violência, não é permitido que se mate um ser vivo por motivos pessoais. Outras soluções precisam ser encontradas, entretanto não se pode generalizar uma barbárie como a morte de uma criança, uma pessoa em potencial que terá também projetos de futuro.
No fundo, existe uma boa forma de analisarmos cada proposta apresentada pela Igreja. Não é intuito de a instituição induzir as pessoas a tomar uma ou outra postura sem antes colocar na mesa as cartas do jogo. É uma decisão que cabe ao indivíduo, mas este precisa de pressupostos para fazer sua escolha. Esta não é fruto do acaso, mas de uma reflexão profunda e livre de qualquer preconceito. Diferente dos políticos que fazem tudo por debaixo dos panos, iniciativas como essa são bem-vindas em uma sociedade carente de reflexão. Devemos promover do debate sem que as pessoas se sintam forjadas a tomarem decisões que não partiram de uma boa verificação conceitual. Nesse ponto, eu apoio a Igreja e estou com ela na luta pela vida.

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