Desde tempos imemoriais, as pessoas se encontram para conversar e trocar informações sobre a vida alheia. Não se entenda isso como algo negativo; pelo contrário, tais conversas proporcionavam a integração das pessoas e seu contato com o mundo. Na época em que não se tinham os modernos meios de comunicação que agora dispomos, nossos antepassados se sentavam ao redor de uma fogueira e conversavam sobre a vida, o futuro e, principalmente, sobre o presente. Apesar de não estarem livres dos prejulgamentos ou estereótipos, as conversas motivavam uma ação. Essa ação, em um grupo pequeno, como era caracterizada a vizinhança ou vilarejo, significava uma solidariedade. Se alguém soubesse que fulano estava doente, prontamente ia ao seu encontro para oferecer-lhe auxilio. Comunicação é o meio de unir informação e atitude. Com o progresso, passamos a formar opinião pública."As pessoas influenciam-nos, as vozes
comovem-nos, os livros convencem-nos, os feitos entusiasmam-nos". (John
Henry
Newman)
A nossa opinião é formada mediante uma observação, reflexão ou juízo de determinado fato, objeto ou pessoa e, também de outra opinião ou juízo. Antes, porém, de exercermos a aplicabilidade de nosso ponto de vista, passamos todos os itens levantados pelo crivo de nossos critérios. Para julgar algo, usamos critérios estabelecidos seja no ambiente familiar, seja no meio social e cultural onde estamos inseridos. A problemática de nossa opinião não está no discurso que originamos do processo acima, mas na maneira como nossos critérios são formados. Uma pessoa que comete determinado crime, por exemplo: abuso sexual, estará sujeito a inúmeras explicações, de diferentes especialistas, sobre o porquê cometeu horripilante desvio de conduta.
Quando nossa sociedade passou a fragmentar o trabalho, especializando o conhecimento com o intuito de acelerar o processo de desenvolvimento técnico, fragmentou também as forma de sociabilidade e de relacionamento humanas. Psicólogos, filósofos, sociólogos e afins começaram a criar discursos próprios sobre como as pessoas julgavam determinado fato na sociedade. Mas estes são pequenos perante o grande formador de opinião, a saber, os modernos meios de comunicação.
Os fatos, as imagens e toda sua redação se aproximam da realidade, fazendo com que nos sintamos inseridos nos acontecimentos diários. Nossa opinião acaba perpassando o crivo dos fatos que surgem na TV e no jornal. Se um político é denunciado por corrupção, não consideramos o fator “denunciado” ou “acusado” como critério de possibilidade, e sim como sentença confirmada. Réu é aquele, segundo a lógica, culpado do crime até que se prove o contrário. A manipulação dos fatos criou uma nova maneira de julgarmos as pessoas. Julgamo-as segundo suas possíveis atitudes.
Quem goza de um prestigio maior nos meios de comunicação fará de tudo para que sua imagem pessoal não seja abalada por escândalos. Muitos políticos têm nessa máxima seu ponto principal de honestidade. Se as coisas são feitas às escondidas e ninguém fica sabendo, tudo é possível. Quando uma escolha representa uma repercussão pública, tudo deve ser considerado, pois a nova formadora de opiniões, a mídia, não será tolerante quando o que está em jogo são as consciências das pessoas.