sexta-feira, abril 27, 2007

Diálogo com a coruja: Os Deputados e Jabor


Wisley: Coruja, você não sabe o que aconteceu?
Coruja: Meu Deus! O que foi?
Wisley: O jornalista Arnaldo Jabor vai ser processado pela Câmara dos deputados!
Coruja: Por quê?
Wisley: Ele fez duras críticas aos deputados depois que estes prestaram contas de R$ 2,5 milhões com verba indenizatória apenas com gasolina.
Coruja: Que coisa incrível!
Wisley: Em seu comentário, ele chamou os deputados de “canalhas”!
Coruja: Isso irritou todos, né!
Wisley: É! Jabor disse que “os nossos queridos deputados têm direito a receber de volta o dinheiro gasto com gasolina, seja indo para os redutos eleitorais ou indo para o hotel com suas amantes ou seus amantes”.
Coruja: Realmente ele abriu a boca para criticar o modo como a administração pública é feita!
Wisley: Isso mesmo! Ele disse que apresentando nota fiscal para comprovar o gasto, a Câmara repõe! Agora, você não acha que é muito dinheiro e muita gasolina?
Coruja: Esse dinheiro pode comprar cerca de 1 milhão de litros de combustível, suficiente para dar 255 voltas ao mundo, percorrendo 11 milhões de quilômetros.
Wisley: Credo! Os deputados rodaram muito então, só não sabemos para onde foram!
Coruja: Em compensação pagamos à conta né, disse Jabor!
Wisley: É! Por isso eu penso, em vez de processar, por que não esclarecer? Fica parecendo que não se pode mais criticar o governo, porque se não estamos ferindo, como disse os deputados, “a democracia e o povo brasileiro”.
Coruja: Pois é! Si é o povo brasileiro que paga a conta dessa rodada toda! O que estamos pagando? As idas dos deputados aos seus redutos eleitorais ou aos motéis?
Wisley: Acho que Jabor fez certo, mas da próxima vez, que ele não use palavras ofensivas, se não vai ser processado!
Coruja: Criticar é importante! Ofender é desnecessário!

quinta-feira, abril 26, 2007

O que é Filosofia

Como bom filósofo, não poderia deixar de dar minha definição sobre Filosofia. Tendo em vista que muito já foi dito sobre esse termo e que mais uma definição poderia significar uma mera tautologia, resolvo partir para uma visão mais pessoal do que histórica do termo. Assim, pretendo estar sujeito a críticas e erros que estou disposto a assumir caso minha definição não caia no gosto de todos. A esses peço desculpas.
Filosofia é uma atitude, é uma pratica. Está relacionada ao fazer de cada pessoa que a ela se entrega, que explora seu potencial. Dado que a palavra signifique "amor à sabedoria", traduzido do Grego, digo que essa palavra amor deve ser aderida pelo viés do "sem medida". Amar alguém representa dar sua vida, seu eu, seu ser pelo outro. Sacrificar todo o prazer individual e social pela felicidade de quem se ama. Então, não é simplesmente amar a sabedoria como "gostar", "adimirar", "respeitar". Amar a sabedoria é deixar tudo de lado e só a ela oferecer a vida.
De uma maneira radical, essa definição de amar é uma escolha terrível para quem não sabe lidar com os próprios desejos. Hoje se prefere amar apenas por prazer do que amar pelo simples fato de, não importando se o outro me ama ou não, que o outro é alguém como eu.
Tal definição de amar faz parte do meu vocabulário quando o mesmo é usado para a frase "amor à sabedoria". Continua...

segunda-feira, abril 16, 2007

2º Encontro de Pós-graduandos

Nesta semana, nos dias 18 a 20 de Abril, estarei em São Paulo Capital para apresentar uma comunicação na PUC, no 2º encontro de pós-graduandos em Filosofia. Estudantes, pesquisadores e filósofos de várias universidades brasileiras estarão lá para apresentar seus projetos de pesquisa e outros que estão em desenvolvimento. Será um grande evento para a Filosofia nacional.
Minha comunicação será em torno dos estudos que ando pesquisando para o mestrado em Filosofia Social. Mais especificamente, estarei comentando sobre as buscas em torno dos textos de Theodor W. Adorno a respeito do progresso. O tema progresso procura analisar de maneira geral as abordagens feitas pelo filósofo frankfurtiano a respeito da situação hodierna, frutos de um capitalismo que não se preocupou com as questões sociais humanas.
O evento que irei participar é muito importante para a divulgação da pesquisa acadêmica e o diálogo entre os pesquisadores e as universidades. Este, como muitos outros, tem uma importância enorme para atividade de pesquisa. Por isso, a necessidade de que tais acontecimentos recebam mais atenção da parte dos incentivos governamentais para a pesquisa.
A pesquisa científica nas humanas, por ser uma área que não há substancial desenvolvimento técnico, recebe pouco apoio de muitos orgãos. É necessário investir, pois o seu trabalho é relevante para a sociedade. O estudo do comportamento, a ação, da política, do direito e afins, não cessão de possuir uma intima ligação com acontecimentos trágicos por quanto o mundo vem passando.
Assim, quanto mais se incentiva eventos como este encontro de pós-graduandos, mais se abre a porta para novas abordagens reflexivas em um contexto de práxis social. A revolução acontece quando a educação emancipa os indivíduos alienados, pois esses passam a perceber que fazem a diferença na sociedade em que vivem.

terça-feira, abril 10, 2007

A Filosofia de Jovens e Crianças!




A Filosofia para crianças e jovens é um desafio para qualquer filósofo que se forme em uma boa universidade. Isso porque muitas vezes somos formados para uma filosofia acadêmica, voltada para o ensino superior, e mesmo as licenciaturas se esforçam em apresentar bons métodos que ajudem o professor a lidar com essa atividade. Boas publicações existem no Brasil, basta apenas utilizarmos nossa criatividade filosófica para encontrar o melhor meio de transmitir filosofia para crianças e jovens.

Falo de crianças e jovens porque está sendo uma realidade em muitas escolas, a adoção de filosofia para crianças de 1ª a 8ª séries do ensino fundamental. Isso mesmo! A Filosofia está caminhando para um amplo setor de atividades diferentes da exercida no ensino médio e superior. Aquela coisa chata de estudar os filósofos e seus conceitos está mudando o trabalho de muitos professores.

Mas esse trabalho de filosofia no ensino fundamental, muitas vezes é exercido por professores pedagogos, principalmente de 1ª a 4ª série. E essa tarefa exige uma atenção muito especial, como a transmissão de valores e costumes para que a criança não enfrente isso como uma imposição, mas um pensar sobre o convívio familiar e social. Com uma boa formação filosófica, os pedagogos podem diversificar a atividade filosófica com outras matérias de práxis escolar. Exmplo: a matemática e a lógica das coisas, o português e a expressão, dentre outros.

Já na 5ª à 8ª série é possível a participação de professores formados em filosofia. Uma experiência com jovens nesse nível de formação é enriquecedor para uma filosofia prática voltada para a formação do questionamento pessoal, ou seja, o futuro pensador, que questiona as atitudes, os desafios e sabe argumentar com lógica suas vontades e sonhos. E assim, devemos tomar o cuidado de não cairmos nas abstrações fortes de filosofia acadêmica que não levam a uma atitude do pensar.

O estudo filosófico para o ensino fundamental, principalmente de 5ª à 8ª série, é a educação para o pensar. Refletir a sociedade, os modos, os costumes e o comportamento político e ético, tanto do aluno como dos seus. Filosofia é mais do que os conceitos e os filósofos, é um jeito de mudar a ação das pessoas para o melhor, para o progresso verdadeiro.

Dessa forma, incentivo e propaganda é o essencial para levar o trabalho filosófico as crianças e jovens nas escolas. As instituições de ensino devem ter a filosofia como disciplina curricular, pois se queremos seres mais humanos, precisamos depositar no coração deles, a semente de um futuro homem ou mulher consciente dos seus atos, de suas responsabilidade. É levá-los a maioridade, como dizia Kant. E conseguimos isso através da educação para o pensar. Através da Filosofia.

Vamos filosofar!

sexta-feira, abril 06, 2007

UMA PÁSCOA DOCE OU AMARGA?


É com muita alegria que os cristãos comemoram no próximo dia 08 de abril (domingo) a Páscoa do Senhor. Dia da morte e ressurreição de Jesus Cristo.
A Páscoa é uma celebração tradicional em nossa cultura ocidental. Quando Jesus ressuscitou dos mortos, sua mensagem foi espalhada por toda a região do oriente médio e Europa, principalmente Roma e Grécia. O que mais se pregava era Jesus como o filho de Deus, o Cristo, o Salvador. Sua vinda ao mundo foi justamente para completar a profecia de um messias salvador que libertaria o povo de suas mazelas. E Jesus, ao se entregar e morrer na cruz, nos libertou do pecado que gera a opressão e o sofrimento no meio do povo.
A Páscoa não é uma festa exclusivamente cristã. Os judeus sempre a comemoravam, pois significava a passagem de Deus no mundo. A libertação da escravidão do Egito e a ida para Terra Santa, a terra prometida aos descendentes de Abaão. Hoje, a Páscoa continua com esse mesmo sentido de passagem, só que desta vez, a passagem do filho de Deus pela morte e ressurreição. O que Jesus fez foi nos libertar da escravidão do pecado e dar esperança de uma vida nova, ou seja, não mais morreremos, mas viveremos em Cristo, no paraíso.
Entretanto, mesmo o significado religioso que ainda permanece forte está sendo substituído gradativamente por uma cultura de consumo. A Páscoa parece não servir mais para lembrar o gesto salvador de Cristo e passa a ser um simples feriado, um dia de ganhar presentes gostosos e de se divertir, pois afinal, na segunda retorna a rotina de produção.
Jesus veio propor a mudança de atitude das pessoas. Que os pobres fossem lembrados, resgatados de sua miséria e que a humanidade aderisse a caridade. Mas isso nem de longe passa a ser o centro das atenções da festa da Páscoa. Assim, individualmente celebramos nossa Páscoa para cumprir uma tradição e não para mudarmos de atitude. Infelizmente, vai Páscoa e chega Páscoa e nada do que presenciamos teve algum progresso.
Quando vamos superar nossas diferenças e preconceitos? Quando vamos por em prática a mensagem de Cristo? Parece que a Páscoa vai continuar sendo mais uma data importante no calendário comercial e feriado para todos os que, deferente de milhões de famintos e pobres, podem ceiar e comer chocolate tranquilamente. É difícil acreditar...

quarta-feira, abril 04, 2007

POR DETRÁS DA INFORMAÇÃO! A SEDUÇÃO


De vez em quando me deparo com ligações feitas por editoras famosas do país oferecendo as mais inusitadas revistas informativas. Dizem essas editoras, através de porta-vozes, que são revistas importantíssimas para a minha formação cultural. Afinal de contas, “é preciso ser bem informado para sobreviver ao mundo cada vez mais globalizado”. “Informação é essencial para o sucesso profissional de uma pessoa”, afirmam.
Toda via, minha formação filosófica me leva a suspeitar dos reais interesses editoriais dessas revistas. Pois, para conquistar mais assinaturas, as editoras oferecem inúmeras vantagens ao possível assinante. Brindes como DVD’s, bonés, mochilas e outras parafernálias modernas. Tentam seduzir o ingênuo possível cliente que está do outro lado da linha para as necessidades de se estar bem informado. Por isso, elas criam várias promoções e as ditas campanhas.
Fui surpreendido por uma dessas campanhas. “Incentivo a cultura no Estado de Minas Gerais”, ou seja, como se as revistas dessa editora pudessem trazer em suas páginas a essência formativa cultural que o leitor precisa. Assim, minhas suspeitas são de algo ideologicamente articulado visando, não a formação cultural, mas ao consumo capitalista de bens. Mostrar as empresas, possíveis investidoras comerciais, que os leitores de suas revistas são possíveis consumidores, prontos para adquirir a nova tecnologia do mercado.
Por detrás de programas como “incentiva a cultura” ou “quem não se informa perde oportunidades”, as editoras tentam somar mais e mais leitores as suas listas de clientes. Assinantes que lhes garantirão uma cota de patrocínio no mundo da propaganda consumista. Realmente não enxergo outro motivo para continuarem sempre a insistir em assinaturas. Por que então sermos constantemente bombardeados por promoções, descontos e inúmeras promessas para assinar uma revista?
A nossa cultura virou semicultura, ou seja, tudo gira na ótica do capitalismo. Somos levados a acreditar numa troca justa. Ao comprar certo produto, estou convencido de que fiz um bom negócio por um bom preço. O que conta mesmo é o valor de troca e não o valor de uso. Às vezes compramos coisas que nem precisamos só pelo gostinho de comprar, de se sentir importante, realizado. Esse fenômeno acontece todos os dias porque somos seduzidos pela sensualidade das coisas.
As revistas informativas, hoje, trazem a tona apenas àquilo que é fato no nosso cotidiano. Realidades que são apresentados simplesmente pelo acontecimento, sem nenhum acréscimo de nada. Algo que nos leve a pensar a miséria e a individualidade crescente. Essas revistas prendem o leitor pelo sensacionalismo e não pela crítica. E quase todas as suas páginas são dedicadas a propagandas. Talvez seja isso que elas vejam como solução para nossos problemas. É o slogan: “Compre esse produto e resolva todos os seus problemas”. Ou aquela frase “seus problemas acabaram chegou...” e assim por diante. Os anos passam, e a propaganda tenta ser mais criativa, para atrair mais pessoas.

Por fim, será que estamos perdidos? Não há como fugir dessa lógica capitalista? E assim, continuarei a receber telefonemas, como todo brasileiro, para assinar revistas e mais revistas. Por quê? Porque preciso ser culto. É a ideologia em voga. O que é ser culto? Ser bem informado, talvez.

Minha Filosofia é

um site de reflexão sobre vários assuntos. Seu objetivo é levantar debates e questionamentos acerca dos acontecimentos contemporâneos. Sugestões e comentários são bem-vindos.


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