sexta-feira, julho 25, 2008

Sob a tutela do Estado

É ainda recente o modo como se discute a forma como o Estado de Direito Democrático atua sobre seus cidadãos. Visivelmente se constata que ao ter como fundamental o dever de proteger os indivíduos, o Estado acaba criando mecanismos de censura e cerceamento de liberdade, impondo inúmeras proibições por achar que estará protegendo as pessoas que estão sob sua responsabilidade.

Mas existe uma diferença entre proteger e garantir a liberdade. A meu ver o Estado não deve legislar sobre leis que ferem a escolha consciente e autónoma do indivíduo. Se o Estado se vê no direito de fazer isso, é porque pressupõe que seus protegidos não gozem de pleno esclarecimento e liberdade racional de suas escolhas. Se não sabemos escolher, ou seja, não beber ou não comprar cigarros porque causam mal a saúde e podem matar, então nos é imposto por força da lei tais proibições, na certeza, pensa o Estado, de que todos os indivíduos estarão protegidos.

Todavia, isto é um equívoco, dado o fato de que se muitos não sabem fazer a escolha certa, prejudica os que são verdadeiramente autônomos para decidir. O que o Estado precisa fazer, e não faz, é dar educação de qualidade para que os futuros cidadãos e até mesmo os que já atuam em sua liberdade, possa fazer suas escolhas com responsabilidade e conhecimento. Se não for assim, o Estado segue uma política paternalista de protecionismo, de punição que não corrige ninguém, mas, pelo contrário, favorece ainda mais os erros e desvios de conduta, uma vez que a mente humana parece se inclinar ao que é proibido.

Assim, defendo que o Estado de Direito Democrático deve cumprir seu dever de proteção e apoio, também de fiscalização, mas para aqueles que realmente precisam disso. Digo dos sujeitos que tiveram oportunidades, entretanto não a usaram ou desprezaram. Estes sim precisam de um corretivo e que seja nos limites da lei, para que outros não sejam prejudicados. Se a política de leis proibitivas continuar, então não teremos democracia e sim uma forma de depotismo com o povo, cabendo a nós lutarmos para que isso não aconteça.

sexta-feira, julho 11, 2008

Como é gostoso falar de Filosofia

Sempre quando me perguntam como é ser um filósofo eu logo respondo: é como se fosse um fabricante de picolé. As pessoas ficam assustadas quando digo isso e vagueiam tentando decifrar rapidamente a resposta que eu dei, pois ela não foi muito satisfatória, frustrando todas as expectativas de uma explicação erudita. Ai eu mais que depressa explico porque essa comparação.

Eu comparo o fazer filosófico como um fabricante de picolé porque quando você saboreia um picolé sente um gelado que ao mesmo tempo causa prazer e desconforto. Algo gelado às vezes dói e não pode ser consumido assim de uma tacada só. O picolé precisa ser vagarosamente saboreado, lambido e experimentado com calma. Existem os apresados que nada ganham com a presa e mordem até o palito. Mas deixando estes de lado, isso é que faz sucesso no doce, sua tranquilidade. Mesmo gelado, é gostoso e faz bem.

Na Filosofia é a mesma coisa. As reflexões, os problemas e os conceitos são bem frios, quase incompreensíveis para qualquer um. Mas quando você vai se deliciando aos poucos, descobrindo o sabor que cada filosofia contém, você vai gostando e já não importa o gelado e sim o prazer de ter descoberto e participado desse momento fantástico de conhecimento. Assim como existem os comilões do picolé, também há os apresadinhos da Filosofia, que vão aos meios mais fáceis e acabam descobrindo pouco do vasto e quase infinito universo do filosofar.

Agora, todo aquele que gosta de um bom sorvete procura também aprender a fazer seu próprio sorvete. Nesse sentido é que fazemos filosofia, pois colocamos nosso amor e gosto pelo novo. Fazemos uma, duas e mais de trinta vezes até chegar no ponto ideal. Ai ficamos mais satisfeitos ainda porque além de saborear um frio mas gostoso sorvete, podemos oferecê-lo a outras pessoas e despertar nelas a vontade de criar também e se deliciar com tudo isso.

Assim, a Filosofia conquista muitas amizades, faz jus ao nome de "amigo do saber". Todo mundo senta ao seu redor ansioso por mais um momento em que seu "si dar no mundo" é frio e ao mesmo tempo gostoso. Não devemos esquecer disso, de sempre promover o filosofar. Iniciativas como a de muitos filósofo brasileiros de levar adiante este saboroso doce é o resultado do ardo esforço de "sorveteiros do saber" que querem levar a todos a se deliciar do pensar autêntico e autônomo, para que mais indivíduos se tornem conscientes de suas responsabilidades e liberdades no mundo.

Vamos todos saborear Filosofia.....

Minha Filosofia é

um site de reflexão sobre vários assuntos. Seu objetivo é levantar debates e questionamentos acerca dos acontecimentos contemporâneos. Sugestões e comentários são bem-vindos.


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