segunda-feira, maio 21, 2007

As injustiças

"A JUSTIÇA É CEGA, MAS A INJUSTIÇA PODEMOS VER"
Se entendermos por injustiça aquilo que é contrário à justiça e, esta por sua vez, que significa uma atitude para garantir nossos direitos, então, me parece haver na sociedade uma forma de injustiça camuflada na idéia de “justiça” e uma forma de justiça escondida em uma aparente “injustiça”. É visível tal realidade quando fazemos uma revisão de nosso modelo de sociedade liberal.
Muitas pessoas acreditam que se vive num país onde nossos direitos estão resguardados por uma Constituição Federal. Esta faz a promessa de garantir a liberdade de expressão, de igualdade perante o tribunal e da obrigação do Estado em promover o essencial para se viver com dignidade.
Todavia, um olhar atento para realidade - e digo que seja realidade vivida e não imaginada - observaremos que as coisas não acontecem bem assim. O que vejo é uma instituição que privilegiam os que apóiam seus mandos e desmandos, quem convém aos seus interesses. O que vejo é um Brasil corrompido, que vira os olhos para um expressivo número de pessoas que estão na miséria. Para este Brasil, é interessante termos miseráveis, é interessante termos um restrito número de milionários, é interessante ter uma população média que pode ser sugada até as ultimas gostas de suor e sangue. E o mais terrível, é bom ter pessoas fáceis de serem enganadas pela idéia de igualdade.
Denuncio que a justiça pregada pela sociedade capitalista é uma mentira. O governo liberal mente, engana, é vergonhoso. Sinto uma revolta tal grande, difícil de ser consumida. O que acho triste é ainda permanecermos alheio a isso. Só poucos entendem essa situação. Você acha que faz uma troca justa quando compra algo, quando vende seu trabalho por um salário? A resposta é NÃO. Se não houver quem ganhe bem com essa troca, de nada ela adianta, e eu sei quem sempre leva vantagem. São os donos, os chefes, os bancos, o capital. Todos nós somos vítimas desse sistema criado por nós mesmos. Não culpo aqui ninguém, mesmo os donos desses grandes impérios econômicos, eles são escravos também do dinheiro.
Parece difícil entender tudo isso. É complicado dar alguma resposta, sugestão solução. Infelizmente isso eu não tenho. Muitas ideologias foram feitas na esperança de acabar com essas desigualdades camufladas, mas todas falharam, foram abocanhadas por esse sistema. A única alternativa que encontro é a mudança da consciência.
Acredito que é possível mudar a pessoa humana. Torna-la mais consciente. Um desafio.Por isso que certas práticas de aparente injustiça podem ser justiças, como as ações afirmativas. Mas espero que essas também não caiam nas malhas do Capital.

quarta-feira, maio 16, 2007

Filosofia no ensino fundamental

Segundo o filósofo alemão Immanuel Kant, “não se pode ensinar filosofia, só se pode ensinar a filosofar”. A Filosofia então tem esse caráter de levar aos alunos o interesse pela investigação, pelo raciocínio e pela pesquisa. Por isso, vem-se discutindo seu papel transformador na educação básica. Esse papel parece levantar dúvidas como: de que forma trabalhar filosofia para jovens e crianças? Digo que necessita ser de uma maneira peculiar as outras disciplinas, visto que ela é diferente, e por isso deve ser dada por filósofos, de maneira criativa.
Acredito que todos os esforços empreendidos por muitas escolas na adoção da filosofia para jovens do ensino fundamental, resultaram na formação de futuros adultos conscientes de sua atuação social. A participação das pessoas na vida política de um país está cada vez mais difícil, pois a idéia que se tem ou é transmitida de política, apenas circunscreve o âmbito dos partidos e dos candidatos. Na verdade, as pessoas devem entender que política é feita por todos os cidadãos. Como cidadãos, somos responsáveis pela administração de nossa sociedade.
Pensar, refletir, questionar e criticar faz parte de nossa tarefa patriótica, e como conseguiremos transmitir esses valores? Através de uma educação preocupada com o pensar. Por isso, a Filosofia possui um papel importante na vida escolar do aluno. Ela o leva a indagar sobre os problemas sociais do mundo, não apenas tornando-o consciente, mais o levando a ter atitude de mudança.
Quando a LDB, em 1996, recomendou o ensino de filosofia na educação básica, seu objetivo era fazer com que todas as crianças pudessem ter acesso a uma formação humana mais integral, não apenas voltada para as disciplinas básicas. Os pedagogos perceberam que não adiantaria nada formar pessoas com conhecimentos teórico-práticos para o dia-a-dia, e não formar criadores de opinião, participantes de um ideal revolucionário, colocando sempre em xeque os mandos e desmandos da política nacional. Sedo assim, a Filosofia dever ter o papel de mostrar aos alunos que seu posicionamento na sociedade faz a diferença para torná-la melhor, não bastando apenas dar o voto para um governante que sempre prometera sempre as mesmas coisas que não cumpria.
Se não podemos ensinar filosofia, como diz Kant, mas podemos ensinar a filosofar, assim, a educação filosófica no ensino fundamental não deve se preocupar em dar conteúdos históricos, sem abordagem contextual, e sim apresentar aos alunos, sustentada pelos filósofos, a necessidade de criar um pensamento crítico e reflexivo, onde nossa ação social possa articular o desenvolvimento comunitário que precisamos. Isso é filosofar.

terça-feira, maio 08, 2007

Cotas e Ações Afirmativas

As discussões a respeito de cotas na UFU para alunos afro-descendentes e de escolas públicas receberam alguns posicionamentos contrários, publicados neste espaço informativo. Assim, procuro ilustrar e definir meu ponto de vista a favor de ações afirmativas, que contemplem não aspectos multiculturais do povo brasileiro, mas aspectos econômico-sociais dos indivíduos, dando maior importância ao tema.
Ações afirmativas são “medidas compensatórias destinadas a promover a igualdade material” define Antônia Vitória (UFMG). Seu conceito parte da idéia de que as situações desiguais devem ser encaradas de maneira diferente, fugindo da falsa “idéia de igualdade”. Portanto, as cotas, como ações afirmativas, visam provisoriamente amenizar a desigualdade social camuflada. Na Europa isso se chama “discriminação positiva”.
Tais ações são propostas por entidades vinculadas ao Estado e também da iniciativa privada, com os grupos de consciência negra, minoria que luta pelas cotas raciais. Muitas pessoas que afirmam ser as cotas mecanismos de descriminação, baseiam suas opiniões na idéia de que vivemos num país multicultural, miscigenado, e por isso têm a falsa consciência de que tal miscigenação acontece harmoniosamente, sem preconceito. O que elas se esquecem é de considerarmos uma reflexão mais abrangente do quadro desigual no Brasil.
Em 2001, o IPEA mostrou que 2% dos negros estudavam em universidades públicas, e que desse total apenas 15,7% terminavam os estudos. Entretanto, o que é mais alarmente são os dados apresentados pelo PNUD que apontam o Brasil com 64,1% dos pobres negros. Por que, então, pessoas afirmam que a entrada na universidade pública deve ser por “mérito”, se o país em que elas vivem não dá “oportunidade” de concorrência? Assim, cotas não são preconceito, é uma maneira de promover a igualdade para aqueles que não tiveram a mesma oportunidade de competir.
Baseado nos dados acima, defendo as cotas para alunos pobres, que estudaram em escolas públicas, sejam eles mestiços, brancos, negros e índios. Dessa forma, o critério econômico-social seria o fator primordial para avaliação.
E, se as cotas ferem a constituição, que “proíbe distinção de pessoas”, por que então não houve amplo debate para refletir a lei 8.112/90, que reserva 20% de vagas em concursos públicos para portadores de deficiência física, e a lei eleitoral nº 9504/97 que estabelece um mínimo de 30% de candidatos do sexo feminino para partidos? Se a proposta das cotas é reservar vagas, e isso fere a constituição, então por que não dizer que essas leis ferem a constituição, pois privilegiam deficientes físicos e mulheres. Não é direito igual para todos?Em suma, os debates e reflexões são inúmeros, dariam vários artigos, porém acredito que os elementos que aqui destaco servem para pensarmos nosso papel na sociedade. Será que estamos sendo criteriosos com nossos posicionamentos e opiniões? Refletimos apenas o restrito meio social em que vivemos ou ampliamos nosso campo de visão? Talvez seja essa uma tendência da sociedade midiática. Tratar o particular como universal, e não o particular como parte do universal.

sexta-feira, maio 04, 2007

O que é Filosofia 2


Dando continuidade a minha definição de filosofia, essa também é muito intima da palavra Sabedoria visto que a mesma corresponde não a um saber pronto e acabado, mas em uma atitude de conhecer e pesquisar as coisas novas, independentemente de sua posição ou opinião dos fenômenos. Assim, sabedoria é uma atitude, e não um mero contemplar.

De fato, muitas pessoas acreditam que ser sábio é ter tido uma boa educação, rígida, exigente e também abrangente. Anos e anos são gastos em decorar sistemáticas obras sobre a história e as ciências, sobre os fatos e as pesquisas, mas, durante todo esse tempo, em que momento paramos para refletir nossa própria vida e tudo o que sabemos? Acredito que se colocarmos na balança nossos momentos de auto-reflexão e os momentos de estudo, com certeza os estudo ganhariam. Temos tempo para as pesquisas e pouco tempo para nós mesmos.

Não quero desqualificar o conhecimento e a pesquisa, os anos de estudo e muito menos desprezar quem decora. Minhas palavras são para aqueles que só acredita que isso e mais nada seja a melhor maneira de se tornarmos sábios.

Ora, uma sabedoria que não está ligada com a práxis social, para mim, não é sabedoria, é apenas história, é apenas conteúdo. Como é que não enxergamos aquilo que estudamos na nossa vida diária? Como é que não paramos para observar o mundo ao nosso redor e dele fazermos preposições, julgamentos, avaliações e reflexões?

A sabedoria filosófica, aqui especificamente, só é amor, como disse antes, quando se entrega a algo em totalidade, ou seja, não só aos estudos escolares e acadêmicos, mas a vida, a realidade, ao fenômeno que dia-a-dia se revela novo, diferente, pronto para ser abarcado, estudado, admirado e amado.

Por isso, "Filosofia" é conhecimento e prática, crítica e reflexão, trabalho e expressão.

Minha Filosofia é

um site de reflexão sobre vários assuntos. Seu objetivo é levantar debates e questionamentos acerca dos acontecimentos contemporâneos. Sugestões e comentários são bem-vindos.


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